terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

As luzes do cais

Comia uvas à beira do passeio
a enumerar os rostos que amei.
Sou nova, pensei, Talvez
alguém deseje um pedaço de mim
e os meus olhos.

fiquei sentada. as mãos húmidas.
a boca também.
com um pauzinho de gelado
rabisquei no pó do largo deserto
alguns nomes que apaguei depois.

comprei o jornal no quiosque
e soube de lugares e paixões e mortes.
ninguém me falara daquele mar.
nem das cidades. ou do crepúsculo.
das mulheres com insónia.

É tarde, lembrei-me, É preciso voltar.
há um lume antigo no meu corpo.
escuto o longe e a memória.
ruínas de mim. e de ti.

É preciso voltar, repito,
Mas tenho medo. a noite apagou
os rastos no meu caminho.
não me lembro de que lado estou
e as luzes do cais enganam tanto.

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