domingo, 23 de maio de 2010

Noite II

Colado nas paredes estriadas

(que a Lua está cheia e

as persianas meio abertas)

navegas nas sombras repetidas

do meu quarto.


esqueço que Janeiro é frio

e que a noite entrou em nós:

estendo a mão para o telefone.

como se tivesses lugar-onde

e tempo para ser afluente

nesta minha obscuridade.


descubro que não há olhos

no teu rosto e

o frio é só

um limite na ponta dos dedos.


amanhã

dar-te-ei o longe o esquecimento

direi das sombras

as formas

e do silêncio

o bocejo

que o há-de quebrar.

CSC, Janeiro de 1986

Sem comentários:

Enviar um comentário