sexta-feira, 14 de maio de 2010

As tuas mãos

Quis pegar-te mas mãos, tu não estavas e eu sabia, só não queria lembrar. Fui pondo rótulos bonitos em tudo quanto não sei dizer.

“Despem-se as árvores”, eu sei, “e foi o sol quem se perdeu”, mas descubro nesses dias as minhas ausências.

Sem pena.

“Dá-me as mãos”, diria, “e serei um pouco mais”.

Mas tudo isso é ainda medo e ainda pudor.

“Dá-me as mãos”. Sim, mas quero ser muito mais.

O meu tempo é este, tu sabes, não o posso perder. Hei-de um dia encontrar as palavras que agora não.

Virão ter comigo quando me olhares olhando por mim.

Setembro. 1993

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