sábado, 22 de maio de 2010

Noite I

e eu pergunto:

a noite tem mãos?


a noite vive – eu sei

sopra-me os cabelos na testa

grita alto as dores que me vivem

para eu não esquecer


depois estende a meu lado

o bolor com que me deito.


o Sol adiou o silêncio das gentes

e o orvalho foge das ervas dos meus atalhos.

ressequidos já os ecos dos meus sonhos.



e insisto:

que mãos vazias tem a noite

que nada me deu?!

CSC, Julho de 1985

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