davas-me rosas.
às vezes davas-me rosas.
os olhos e o silêncio
vertias nas minhas mãos às vezes.
quando depois as luzes fugidias
me entregavam na noite em ti
eu dizia, Quero trazer à superfície
os espelhos que melhor te desenham.
eu dizia, Não é um sopro
a embriaguez que trago em mim.
eu dizia, Hei-de colher no teu peito
a linha exacta do meu horizonte.
não me ouvias. ou esqueceste. não sei.
não sei.
eram cheias as vinhas
e o sol ausentava-se devagar.
setembro talvez.
despedi-me uma manhã.
agora a mesa está vazia
e tenho nas mãos um cacho sem sabor.
de rosas não sei.
Publicado na revista Ara Gris (N.º 2, Janeiro de 1986)
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